sexta-feira, 29 de junho de 2012

Ave Oeconomia, morituri te salutant !

Não percebo bem o que é a "economia de escala", mas em seu nome assisto ao fecho de escolas, tribunais, freguesias, hospitais e de muitas outras coisas que aí hão-de vir. A única escala que reconheço à economia é a humana, e não é de certeza ao serviço das pessoas que se adopta este tipo de estratégia centralizadora em tempos de crise. Hoje vivemos numa espécie de feudalismo económico, onde a natureza é explorada à exaustão e as pessoas parecem limitar-se a ser servos da tal "economia".
Ave Oeconomia, morituri te salutant !

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Um Rei para as repúblicas!

Podem existir fórmulas de democracia que sejam diferentes da representação partidária que temos. A democracia directa e participativa, é nos dias de hoje, com os meios de comunicação existentes, cada vez mais uma possibilidade real, pelo menos ao nível da organização comunal. Os novos meios de informação e comunicação facilitam esta democracia original.

Os municípios portugueses, com toda a sua identidade histórica, podiam ser entidades comunais, com poderes administrativos substancialmente maiores e que poderiam ser governados por um sistema de democracia directa (de assembleias comunais).
 
Depois, basta coroar essas repúblicas de homens livres, com um Rei que una a nação.Um rei para unir a nação e alguns ministros (eleitos por uma assembleia de representantes comunais e corporativos) para questões de administração central e relações exteriores.
Um governo com substancialmente menos poderes. Um Rei que representa a nação para a chefia do estado, das forças armadas e dos negócios estrangeiros.
É apenas uma ideia diferente de sociedade. Mas merece pelo menos o respeito de alternativa perante a falência do modelo actual.

sábado, 23 de junho de 2012

Quando os homens se cansam de ser homens


   Anda para aí uma grande alegria, porque, em determinado país, se provou mais uma vez que a maioria da população já se cansou da política e o que pede ao governo é só que se deixe estar. Podia-se acrescentar um outro voto implícito na manifestação da maioria: que o governo reduza cada vez mais o âmbito geográfico das preocupações nacionais… É a hora da mediocridade e do cepticismo. Mas o que é verdadeiramente grave é que homens que se julgam detentores da herança greco-latina, e para mais cristã, se revejam no pântano, como quem se felicita por se sentir atolado.
   Dentro da tradição greco-latina, reforçada e dignificada pelo Cristianismo, o homem é um ser essencialmente político – e a Política é obra das nossas mãos.
    Claro que um homem isolado, ou único, seria ainda homem: mas a sua existência estaria a contrariar a sua essência.
   A visão monárquica do homem não é mutiladora: a Política continua a ser vocação de cada membro da sociedade nacional.
   Afastemos como sacrílega a satisfação por vermos um povo régio (como dizia Péguy) mirrar entre as mãos de um homem (1).
    A unidade do Poder que o monárquico defende não se traduz no esvaziamento político do Povo. O Rei garante ao conjunto nacional a máxima dignidade política. E cada homem há-de participar nessa dignidade.
   Ora o modo humano de participar não pode senão exprimir-se em actos humanos, actos em que intervenha a inteligência e a vontade. Actos livres.

 (1)    A França do General De Gaulle. E outras Franças…

Henrique Barrilaro Ruas in A Liberdade e o Rei (1971)

domingo, 10 de junho de 2012

Pátria


Antes de tudo, a Pátria é uma herança. Logo, um conjunto de valores. Não se esgota no plano do ser: pertence também ao do valor. No seu sentido integral, não há herança sem herdeiro. A Pátria é algo que existe, mas que não apenas existe: é valorado. Sem olhos que a amem, não há Pátria. Entre a herança e o herdeiro há um vínculo insubstituível. A Pátria é este mundo de coisas que me pertencem e a que eu pertenço. Pelas quais sou o que sou. Porque, quando lhe dou o amor, estou a restituir-lhe o que lhe pertence: algo que ela me deu quando eu nasci.

Henrique Barrilaro Ruas 07/IV/62 in A Liberdade e o Rei